A talha dourada
A talha dourada é a grande marca distintiva da arquitectura religiosa barroca. A fantasia e monocromismo impressos pelas narrativas retabulares transportam os fiéis para uma dimensão mais próxima de Deus. O ouro era o metal precioso que mais fascinava os portugueses dos séculos XVII e XVIII, dado que era sinónimo de riqueza e triunfo.
Estamos perante exemplares decorativos esculpidos da madeira e finalmente dourados com fio de ouro autêntico. Em Braga, os principais exemplares de talha dourada, para além do magnífico retábulo da igreja da Misericórdia e da caixa do órgão de tubos da Sé, ambas concebidas por Marceliano de Araújo na década de 1730, que apresentam já um típico formato joanino, pertencem ao denominado período nacional do barroco. Um dos principais exemplares desse período é o retábulo mor da igreja de S. Paulo, onde é possível percepcionar em pormenor as linhas mestras deste estilo decorativo.
Sublinhe-se também a fidelidade aos cânones nacionais da igreja da Penha, os retábulos laterais do Pópulo e o retábulo mor de São Victor, saído das mãos de Domingos Lopes, um dos principais entalhadores deste período. Por último, uma referência ao retábulo da igreja de Santa Cruz, teimosamente dourado, mas que já obedece aos cânones do neoclássico, entalhado soberbamente por Frei José Vilaça.
A talha dourada é uma técnica decorativa que atesta uma opção deliberada pelo jogo de volumetrias. A sua execução envolvia, não apenas os artistas do traço, mas os entalhadores (escultores de retábulos) e douradores.
Os elementos decorativos mais comuns associados às narrativas retabulares em talha dourada são os anjos (putti), a fénix, as folhas de acanto e os cachos de uvas. No período joanino vemos associados outros elementos como as grinaldas, festões, cortinas e plumas, acompanhados pelos omnipresentes anjos tocheiros. A marca da talha rococó deve-se essencialmente ao jogo assimétrico de concheados e elementos vegetalistas.
Folheto De Azul e dourado - À Descoberta de Braga
